segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Oloko

A cada pensamento refaço uma lei,
Cada passo reescrevo o que já sei,
Me fazendo viver em eterna ignorância,
Aumentando cada vez mais essa minha ânsia,
Incentivando os sonhos mais distantes,
Sussurrando frases impactantes
Alimentando desejos já levados,
Trazendo ventos que sempre causam estragos.

Um mundo que se renova a cada olhar,
Uma casa que não é o suficiente para ser chamada de lar,
A vontade de reescrever textos certos,
A distancia que sempre nos mantem perto
que nos fazem acreditar que tudo é possível,
A crença que conquistaremos o invisível.
Uma tentadora voz que faz acreditar,
Que há algo além de todo esse mar.
A tentação de acreditar em um futuro,
A esperança que abre buracos no meio desse muro.

Quando a memorias ameaçar esquecer,
Surge há insistência que há como viver,
Quando adotamos uma certeza,
Vem a tentação de nossa natureza.
A crise que abre buracos em nossa realidade,
A incerteza que faz com que não haja verdade.
Momento cruel que destrói heranças,
Instante que faz o mais forte ser uma criança.
Porem, é apenas mais um pani em nosso sistema,
A voz do diabo tentando tornar a criação menos plena.


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Caminhando, mas nunca só
Andando na poeira, limpando o pó
Que se acumulou em todo o passado
Que carregamos com nosso fardo,
Levando em nossas mochilas mundos
Explorando até os poços mais fundos

Carcereiros de corpos que aqui caíram,
Escolhidos para escutar os que ainda chiam
Os primeiros a acordar para um novo dia,
Aqueles que viveram enquanto a noite ainda era fria,
Sentiram o conforto de seus cobertores,
Mas ainda sim, saíram desafiando suas dores.

Guerreiros que viram parceiros caídos,
Mas ainda sim, se mantem vivos,
Fortes o suficiente para carregarem tantas almas,
Continuando na batalha mesmo sem suas armas.
Caminhando, mesmo que sem nenhum direção,
Mas, dando motivos para os que outrora morreriam em vão.
Ouço vozes pedindo por ajuda
Vozes que se abafarão na próxima chuva
Vozes que talvez nada queiram dizer
Vozes que talvez só queiram viver
Vozes que clamam por uma mão qualquer

Eu poderia partilhar de sua felicidade
Viver sempre na mesma cidade,
Mas, continuo a andar nessa rua
Onde recolho ideias em suas formas nuas.

Um dos únicos nessa mão única,
Assumindo que não tenho nenhuma verdade,
Enquanto muitos, encondem-a em suas túnicas
Mas, acabam queimados por um sol que não morre ao fim da tarde.

Na estrada ao lado tudo que restou fora uma trilha de corpos,
Cadáveres que morreram com o medo tampando seus rostos,
Ainda escuto seus gritos de dor,
Por isso, ao asfalto de minha via, planto uma flor,
Um indicativo de que nesse caminho,
Ninguém jamais morrera sozinho.




Erros e mais erros constroem meu futuro,
Buracos em meus projetos destroem o escuro,
Minha esperança existe apenas no dia que tudo isso fará sentido,
No dia que poderei escolher me sentir vivo.
Oportunidades parecem apenas atrapalhar,
Caminho me deixam mais longe do meu lugar,
Responsabilidades que assumo no meio dessa guerra,
Soluções que procuro para toda a minha terra,
Palavras que tento espalhar
Para todos os ouvidos que precisam escutar.

Mas, no fim, a chuva continua a cair,
No fim, nem todo o mundo pode me ouvir,
Meu povo sou obrigado a abandonar,
Já que minha busca nunca parará.
Mas, como todo o guerreiro,
Caminho procurando meu motivo para lutar.

Me lembro do dia que joguei minha fora,
O dia que tantos foram embora,
Me perguntei o motivo para continuar,
Pensei em fazer daquele meu lugar,
mas não consegui ignorar,
então, com um sorriso, passei a me enganar.
Hoje percebo que isso não terá fim,
Tantas cicatrizes já foram fincadas em mim,
Os detalhes modificaram meus planos,
A dor já não cabe mais de baixo dos panos.